Por quantas ruas transita a nossa memória?
Parintins comemora 159 anos e esta história se faz viva nas lembranças de cada um de nós. Lembranças construídas com gestos, cantorias, trajetos e trejeitos, brincadeiras, amizades, experiência de vida, particularidades que chegam ao tempo presente pela fonte viva da memória. Inúmeros personagens se desenham a nossa frente, alguns ainda em cores vibrantes outros desbotados pelo tempo.
Cada momento vivido nos pertence e nos torna seres singulares. Ao sabor da correnteza, deslizam as lembranças, ora de um de um menino de barranco de travessuras incontáveis, ora de personalidades políticas e seus feitos, ou dos fins de tarde nas praças da cidade, esperando pacientemente a hora de começar a sessão do cinema.
Mas como era mesmo o nome do cinema? As ruas da Frente, do Meio e de Trás guardam o trajeto de homens e mulheres entre as imponentes construções, armazéns, residências, Paço Municipal, igrejas, escolas. Tombados... não pelo patrimônio arquitetônico, mas pelo tempo e descaso.
A representação de valores e hábitos evidencia-se quando contam que para a Festa de Nossa Senhora do Carmo, senhoras e senhoritas buscavam tecidos em outros locais para confeccionar modelitos exclusivos para desfilar no “arraial da Santa”. Em homenagem a esta Santa foi erguida uma majestosa catedral, cujos alicerces guardam a ousadia de um padre e sua moto.
Como era seu nome mesmo? E as brincadeiras? Surgem nas memórias de um boi que brincava nos arredores do Esconde, guardado por um distinto senhor e seu garboso cavalo branco, ou de um outro que cruzava as ruas de terra e tinha a sua frente um senhor de voz poderosa. Se você leu até aqui e questionou a ausência de nomes e datas, desculpe, memórias precisam ser cultivadas para permanecerem vivas, por isso, deixamos o convite a procurar, conversar e conhecer a cidade que você mora.
Irian Butel
Presidente do IMPIN
Graduada em História CESP/UEA