Chorume contamina lago

31/08/2011 10:06

Chorume da lixeira contamina águas do lago do Macurany

 Tambaqui foi a espécie usada como biomarcador da pesquisa

 

                                  Mestranda analisou água coletada no Macurany

 

Uma pesquisa desenvolvida pela Mestranda em Biotecnologia e Recursos Naturais- MBT/UEA Izabel Cristina Conceição Santos, 26, reforça a urgente necessidade de retirada da lixeira pública, devido à contaminação do Lago Macurany, provocando dano genético à espécie Colossoma macropomum (tambaqui) por meio do chorume – líquido percolado, substância gordurosa expelida pelo lixo.

O projeto denominado “Biomarcadores do chorume da lixeira pública de Parintins/AM em tambaqui”, foi iniciado em março de 2010 com a instalação de gaiolas com a espécie em lugar próximo do lago que recebe também despejo de dejetos e esgotos de escolas e residências.

“Colocamos três vezes os peixes e conseguimos a análise, sendo que toda a espécie colocada na área da Ponte Amazonino Mendes morreu em menos de vinte e quatro horas por conta da contaminação da água”, informa. As amostras de sangue da espécie foram coletadas e analisadas no Laboratório de Biologia CESP-UEA, onde são realizados os ensaios genotóxicos.

Ela explica que as análises físico-químicas da água dos lagos e do chorume foram realizados no laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM) do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA). “Para chegar a essa conclusão estamos analisando os ácidos, os metais, o hidrocarboneto e o oxigênio da água”, informa.

O projeto vai sugerir nos resultados que seja efetuado tratamento na água do lençol freático. “Se afeta os peixes, afeta a população”, destaca. Outra proposta é fazer o tratamento do chorume antes de chegar aos lagos.

Isabel faz parte da primeira turma do Curso de mestrado em Biotecnologia de Parintins, sendo que a pesquisa está sendo financiada pelo ADAPTA- Centro e Estudos da Biota Aquática da Amazônia do INPA, conta com orientação do Dr. Adalberto Luis Val (INPA), que estuda a respiração e as adaptações dos peixes da Amazônia às modificações do meio ambiente, tanto aquelas de origem natural como aquelas causadas pelo homem, e da Dra. Christiane Patrícia Feitosa de Oliveira (UFAM). Até março de 2012 os resultados serão anunciados oficialmente.

    Os destinos do lixo

De acordo com estudo realizado pelo especialista em educação ambiental Orestes Pessoa, (2008) a partir de 1978, em decorrência do crescimento da população e o consequente do aumento da produção do lixo, surgiu a necessidade do poder público determinar uma área para a destinação final do lixo. A primeira área localizava-se na Comunidade do Parananema, ao lado do aeroporto Júlio Belém. A segunda utilizada pela Prefeitura ficava ao lado do Parque de Exposição Luiz Lourenço de Souza. A lixeira atual é o terceiro local utilizado há quase vinte anos.