Faxina II

26/09/2011 10:09

Faxina II

Sinceramente não vejo nos últimos acontecimentos no planalto central, com a queda de tantos ministros e várias operações da PF, um avanço na conduta de nossos representantes. A questão é a falha do sistema político. Ninguém se elege nem síndico de condomínio sem criar compromissos com A, B ou C. Dizer o contrário é hipocrisia. Outra raiz do problema está na nossa educação. A formal, cuja qualidade todos sabemos que tem que melhorar muito ainda. E a que recebemos em casa. Se pararmos para pensar o quão distorcidos estão alguns valores básicos da família tomaremos um susto. Hoje como pai e chefe de família reflito muito sobre o que estou ensinando ao meu filho. E não espero encontrar nem repassar receitas prontas. Afinal a melhor lição é sempre o exemplo. Por isso na minha casa espero que ele ouça que faxina não é coisa só de mulher (por respeito à visita, a outro ser humano); que homem chora (para aprender a ser sensível ao sofrimento alheio); que o que for achado tem dono e deve ser devolvido e pode sim ter sido roubado; que mentir é o caminho para a prática de muito mal; que quem “rouba, mas faz”, continua sendo ladrão, e lugar de ladrão é na cadeia; que homem que é homem (ou mulher, tanto faz) cumpre com a sua palavra e nem precisa estar colocada no papel e registrada em cartório. Temos que dar exemplo. No dia-a-dia, nas pequenas coisas. Cadê o cumprimento da boa educação: bom dia, boa noite, por favor, obrigado, com sua licença???? Devolveu o troco que a caixa do supermercado, da taberna, deu a mais??? Cedeu o seu lugar no ônibus para a senhora idosa que estava em pé??? Não furou a fila do banco indo direto ao caixa que é seu parente ou amigo??? Recusou o pedido de voto acompanhado da promessa de telha, madeira, rancho ou um cargo na prefeitura??? Fez vista grossa para os sinais claros de enriquecimento ilícito do governante porque ele mandou asfaltar sua rua??? (ele é seu empregado está fazendo a obrigação dele). Quando formos capazes de ensinarmos valores verdadeiros aos nossos filhos, além dos que foram ensinados pelos nossos pais teremos um País diferente, onde a faxineira que encontrou a carteira cheia de dinheiro e devolveu tudo para o dono vai deixar de ser notícia no Jornal Nacional. Onde não teremos que lembrar aos nossos governantes os compromissos assumidos com a população. Se assim já fosse talvez Parintins não continuasse vivendo os apagões de luz, não teríamos um lixeira à céu aberto, a cadeia pública interditada, um porto que precisasse ser refeito para não afundar e o aeroporto fechado. Utopia? Talvez, se assim quisermos. Depende de cada um de nós.

Warly Bentes Pontes Junior

jornalista, publicitário e empresário