Faxina – A palavra do momento - PARTE I

30/08/2011 15:37

“Wal, já começastes a faxina?”, perguntava minha mãe para minha irmã quase todos os dias na nossa casa em Parintins. Sempre foi e ainda é assim nas nossas casas: faxina todos os dias, ou melhor, limpeza, arrumação, sofá sem poeira, móveis brilhando, plantas molhadas... “E se chega uma visita? Não pode encontrar a casa bagunçada.”, diz a dona Marilene Monteiro Pontes.

Dois aspectos me chamam hoje a atenção para esta cena corriqueira nas nossas vidas, o primeiro: a tarefa da faxina ficava restrita a minha mãe e minha irmã, a mais “velha” das cinco filhas. Quando eu estava em casa nesse horário ficava assistindo televisão e ainda ficava chateado por ter que levantar os pés para ela passar a vassoura (“Não varre meus pés que eu quero casar!”). Raramente me oferecia para ajudar. Ou seja, naquela época pensava ou fui levado a pensar que faxina é coisa de mulher (isso mudou quando vim para Manaus morar sozinho ao passar no vestibular na Universidade Federal: varro, lavo, passo roupa... e aprendi a cozinhar).

O segundo aspecto é o da visita. Pode-se pensar que a preocupação da minha mãe era só de aparência, que também é importante, mas há outra tão quanto: o respeito pelo visitante. Isso é uma questão de educação. Quem é que não gosta e se sente prestigiado quando chega num ambiente limpo, cheiroso, bem arrumado?

Por isso entende-se o que a grande imprensa nacional chama hoje de “Faxina da Corrupção” em Brasília, por parte da Presidente Dilma Roussef (e ela está sendo levada por circunstâncias). Há até um movimento de parlamentares da oposição de apoio ao que eles chamaram de “embate contra a corrupção”, como se não tivessem feito as mesmas coisas quando estiveram no poder.

A diferença é que agora está mais difícil de esconder desvios de verbas e enriquecimento ilícito. O que não consigo entender é como nossos representantes, sejam do executivo, judiciário ou legislativo, tem a cara de pau de levantar bandeiras pela honestidade, retidão e bom caráter. Isso não deveria ser uma coisa normal, rotineira e inquestionável na conduta de homens e mulheres públicas? Da mesma forma que a faxina diária nas nossas casas? Há muito Brasília está desarrumada, cheira mal e sobra lixo moral pra todos os lados.

 

Warly Bentes Pontes Junior

jornalista, publicitário e empresário

Coluna do Dino

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